LUIZ MARTINS DA SILVA
I
Na poeira de junho,
Drámatico Recado
Escrito a dedo:
“Lave-me!”
II
Ao fim de julho,
Frias madrugadas,
Varrendo calçadas
Enxurradas de folhas.
III
Final de agosto,
Cerrado em brasa.
A névoa seca
Embroma o lago.
IV
Setembro encerra
Engorda de nuvens.
Recomeçam as vendas
De guarda-chuvas.
V
Outubro ensaia,
Goteira abaixo,
Futuro oceano
Do meu riacho.
VI
Novembro confunde
(Caprichos do tempo)
Garoas de açúcar
Com tardes douradas.
VII
Dezembro ostenta
A neve importada.
As vitrinas refletem
As pistas molhadas.