Luiz Martins da Silva
Obrigado, insônia, por parir-me de novo no raso do momento,
Por divisar-me novamente, antes que seja claro o horizonte,
Por sacudir-me, outra vez, antes que fossem de verdade
Todos os meus temores de uma infinidade de infâncias.
Obrigado por retirar do meu rosto o tempo em fios brancos,
(Austera lição de humildade e despretencioso pranto),
Por brincares comigo acenando incertezas de eternidade,
Diante de um espelho que me redivive em mais lembranças.
Queria compartilhar com essa legião de faces em repouso
(Cada um em sua página, vasta literatura de memórias)
O farfalhar das horas, lá fora a brisa brincando de arrasto.
Ninguém por testemunho, só este teclado a quem ordeno:
Anda, não para, vai dizer ao mapa mundi e à humanidade
Que eu acordei para ninar toda a população desta cidade.