Poema de TERESA FERRER PASSOS
Imagem- Octávio Campos
Na serra, as ondas do mar escrevem beijos no ar...
Vejo além um favo, escondido num trilho
onde se faz amor nos dias com sol.
Um silêncio azul cresce até ás nuvens breves.
A esvoaçar, há pássaros brancos em Alportel.
Vejo-os de asas tangenciais.
São novelos de amor em construção.
Dois sobreiros envelhecidos sobem, a custo,
até ao céu e beijam-se ufanos, na Cortelha…
Ofereceste-me, hoje, um poema escrito no absoluto da tinta
e ainda esta serra com perfumes a alecrim amarelo.
A viagem, curta, é, talvez, igual a uma folha de azinheira
com estrelas de chuva pequenina.
Tudo tão perto, à beira do caminho, quase ao pé de nós…
Como eu gostava de te oferecer a chuva ou o vento,
qualquer coisa intensa, assim. Ou ainda mais forte:
um barco verde carregado de possível!
No Barranco Velho, dois pássaros brancos passam sobre nós.
Olho-os. Deles escapa-se uma onda.
Ah, é uma onda solta do mar...
Uma onda perdida na serra, nas asas daquele voar...
A custo, consigo agarrá-la.
Vem carregada de beijos soltos…
Seguro-os, a quase todos, bem dentro da minha mão.
E na tua face deixo-os escorregar,
como se fossem para juntar aos meus,
aqueles que hoje, porque estou com gripe,
não te posso dar.
S. Brás de Aportel, 19 de fevereiro de 2010.
3 comentários:
Quando a ternura
parece já do seu ofício fatigada,
e o sono, a mais incerta barca,
inda demora,
quando azuis irrompem
os teus olhos
e procuram
nos meus navegação segura,
é que eu te falo das palavras
desamparadas e desertas,
pelo silêncio fascinadas.
Eugénio de Andrade
Um lindo domingo e uma semana de paz e sucesso em tudo que fizer.
Um abraço
Sônia
Soninha
Sempre muito legal te ver por aqui
bjs lu
isso.
abraço.
cores.
luz.
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