Luiz Martins da Silva
Dedicado a Maju, curadora de acervos.
Reservei para um livro sagrado uma caixa de cedro,
Dessas que não se vendem mais, dos artífices
Que nelas incrustam mandalas com pedrarias,
Sabendo que se destinam à guarda de devoções.
Quase uma oferenda, junto com a grande obra
Depositei um sachê de ervas do campo,
Retratos sepiados de minhas saudades
E mais um feixe de incenso de rosa musgosa.
E então, quando retorno ao tesouro da minha arca,
Deixo que os aromas amansem essa fera que é o tempo
E me levem para um delta, um estuário, um remanso.
Ler, como se a leitura fosse o flutuar de um casco,
Que as ondas lambem com o seu paladar de limo,
Cada parábola, cada versículo, cada linha, cada metáfora.
Nenhum comentário:
Postar um comentário