dire

dire

segunda-feira, 10 de janeiro de 2011

SONETO DE FEL







            Luiz Martins da Silva


Lá se foi a ex-donzela, que era hora,

Rendeu-se às garras gumes de algum ogro,

Híbrida de mau agouro e peixe já sem guelra,

Questão de único aceno e raras lágrimas.



Lá se foi como na gravura de um Goya,

Transmigração de agrura e rima tosca,

Sono da razão que engendra monstros,

Morcegos e corujas... escondo o rosto.



Lá se foi da juventude a cor da íris,

Pois vê-la contra o breu não foge a fera,

Chorar em cinza é verter náusea em amarelo.



Há dias de não ser mais que um macho mocho,

Grisalhos elos que se acorrentam ao pescoço

E a paisagem que era jardim agora é ocre.

Nenhum comentário: