Luiz Martins da Silva
Lá se foi a ex-donzela, que era hora,
Rendeu-se às garras gumes de algum ogro,
Híbrida de mau agouro e peixe já sem guelra,
Questão de único aceno e raras lágrimas.
Lá se foi como na gravura de um Goya,
Transmigração de agrura e rima tosca,
Sono da razão que engendra monstros,
Morcegos e corujas... escondo o rosto.
Lá se foi da juventude a cor da íris,
Pois vê-la contra o breu não foge a fera,
Chorar em cinza é verter náusea em amarelo.
Há dias de não ser mais que um macho mocho,
Grisalhos elos que se acorrentam ao pescoço
E a paisagem que era jardim agora é ocre.
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