Luiz Martins da Silva
I
Sete notas musicais,
Sustenidos e bemóis.
Nos ouvidos são átomos,
De passados atonais.
II
A ânsia melódica da chuva
Soa na madrugada inventada.
Quem a compôs monocórdia,
Mas de tão doce, lavada?
III
Solfejo de uma nota só,
Tão somente si e si,
Ou se algum perdido dó
De brisa toca no vidro...
IV
Percussão de xilofone,
Assovio de cupido,
Cri-cris de grilos conspícuos,
Vozes em pingos, alaridos.
V
Alaúde, bojo mudo,
Toque de caixa hermética,
Fofas notas sobre folhas,
Já salivação de húmus.
VI
Esgueiram-se gueixas esguias,
Salientes lascivas lesmas,
A sair lambendo laivos,
Agora, que o tempo deixa.
VII
Eu, ainda sonho de nuvem,
Nego a antevéspera do estrume.
Mas, cismo, um dia túmulo,
Regado a saudades muxoxas.
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