Beatriz, aos vinte anos
comunicou-nos que ia deixar o mundo e ser Carmelita descalça. Lembrei-me
subitamente dela aos quatro anos, depois aos dez, usando óculos, depois
desabrochando de menina à moça. Todas as
fotografias desfilam diante de mim. Lembro-me da menina linda, olhando o mundo
com o queixo e os olhos de quem olha as nuvens - O cabelo numa desobediência
balança os pequenos cachos, milhares deles, soprados ao vento. Não sei dos
sentimentos dos outros, mas pensei imediatamente na saudade da mãe, do pai, do
irmão. Pensei em todos os que em
silêncio, tentavam entender. Vi as mãos estendida ao abraço e o toque nos ferros
enfileirados da cela. Bia não foge de uma desilusão, não tem medo de enfrentar
o mundo. Um mundo que derrete pelas bordas, que geme dor. É por este menino, que
chora no escuro, que as carmelitas oram. Oram antes do sol nascer, oram no
meio da tarde, oram ao por do sol. Bia, como todas as jovens Carmelitas, quer ser
criadora de fios: fios de amor e luz.
L.A
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