Poema de Jorge Vicente - Sintra , PT
disseram-me que, de manhã,
se ouve o Tejo todo,
e que as pessoas transportam em
si aquela imensidade vasta,
como quem é feito de História
e não sabe porquê
disseram-me que o tempo não
volta ao lugar onde nasceu, e
que os amigos que se perdem são
como o areal à volta da minha casa:
os retalhos, as migalhas, a presença
sempre ausente das águas em
combustão
e a sensação de que sempre foi assim,
com aquelas mesmas pessoas,
com aqueles mesmos rostos
por dentro da História
e com o Tejo debaixo dos braços.
Do livro - Ascensão do Fogo
Créditos de imagem- Alastair Magnaldo