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sábado, 6 de novembro de 2010
LETRA PARA FADO
Luiz Martins da Silva
Ah! A conquista, final de caramelo!
É até de melhor grado aquela inquieta ânsia,
De quem há muito espera na incerteza e na inocência:
Quando a verdade sabe a Lua, mas bem se faz de tonta,
Se de fato alguém nos amará ou não.
Ah! A prontidão dos que logo dizem sim,
Entre pompas de sinfonia, metais e querubins...
Desconfia. Até do caimento do vestido,
Do exagero de um decote, bem partido:
Presságios de antevésperas, leituras de sinais.
Ah! Minha fortuna, minha musa, meu louvor!
Será que essa tua languidez envolta de perfume
Não é o que resume a próxima carta do tarô?
A torre, o diabo, o louco, o enforcado...
Depois da anestesia, quem vem não é a dor?
Todavia, que te apresses, a demora é uma esfinge.
Melhor o não sabido, se saber é desventura.
Destino de quem ama é só um lance a ser jogado.
Quem há de querer abrir cortina do futuro,
Se o fado se canta bem é de olhos bem fechados?
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