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sábado, 24 de novembro de 2012

AS SETE IDADES DA RAZÃO





Luiz Martins da Silva


I


Da primeira vez que se apresentou,

O mundo era simples, bom ou ruim,

Mas era ainda inteiro feito para mim,

Bem lambuzado, ora de prazer, ora de odor.


II


Quando libertado fui,

Das primeiras garras do egoísmo,

Alcei voo, mas ainda não voei,

Pregava-me à matéria espesso visgo.


III



Em seguida, veio com fervor propriamente a juventude,

E também aquela virulência de mudar o mundo,

Era ainda mistura, de alma pura e dilaceramento,

Entre a carne e a leveza; os vícios e as virtudes.


IV


Fez-se o homem, maduro, ainda que um touro,

Centauro imponente de fortaleza e gáudio,

Mas já uma refinada oitiva para a lira

Chamava-me para o que mais nos enleva de humano.


V


Veio essa era em que as heras se encravam pelos ombros,

Temerosas dos estranhamentos, quando a alma no espelho

Apresenta-nos o tempo feito vida estilhaçada na rasura

E a vaidade, no camarim, a nos pedir retoques em lápis-lazúli.


VI


Então, o medo do fim, uivo que de longe nos assombra,

Aproxima-se com as suas estações de climatério

A nos rachar os ossos, torcer as juntas, o pescoço, as nervuras...

Até nos transformar em alvas montanhas de doçura.


VII


Hora de exumar o que daqui ficou, na horizontal lavra,

Alquimia pretérita, síntese de fezes e de flores.

Bem que se ainda mais pudera, audazes ousaríamos

Ressurgir das cinzas, desafogar-nos da areia dos rios.


Fotografia- Ben Goosens

quarta-feira, 14 de novembro de 2012

REFLEXÃO










A vida é, precisamente, a grande aventura de vivermos
mergulhados em tempos difíceis.
                                                              
                                                                                                              TERESA FERRER  PASSOS
 

quinta-feira, 8 de novembro de 2012

BULA PARA DOR DE ALMA

 



Luiz Martins da Silva

I

Para saberes se a tens,
Na sua própria agudez,
É não haver sobre o tátil
Sentido algum de nudez.
II

E se ninguém souber da rua,
De fato, não vale o chão.
Melhor sonhar com alguém,
Do outro lado da Lua.
III

Hão de lhe servir água pura,
Alvíssimo orvalho de irmã,
Ao se admirar um cálice,
Ornado de flores, talismã.
IV

Ah! Quanto de vida a saber
Das revelações de um mapa,
Linhas das mãos, pentagramas,
De um filme que está por vir.
V

Acordar, bambo e zonzo,
A três mil milhas depois,
Sino que ainda ressoa
Do toque solene de um anjo.

sábado, 3 de novembro de 2012

MATRIZ ESPIRITUAL





"O Espírito é herdeiro de si mesmo, de seus atos anteriores que lhes plasmam o destino futuro do qual não consegue evadir-se. Cada espírito é um arquivo vivo de suas vidas."


Do livro; Loucura e Obsessão, Divaldo  Pereira Franco