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quinta-feira, 15 de dezembro de 2011

BETELGEUSE- A LUMINOSA DE ÓRION (conto)




 A constelação de Órion apresenta a forma de um quadrilátero com as Três Marias no centro. O vértice nordeste do quadrilátero é formado pela estrela avermelhada Betelgeuse, que marca o ombro direito de Órion. O vértice sudoeste do quadrilátero é formado pela estrela azulada Rigel. Betelgeuse e Rigel são as estrelas mais brilhantes da Constelação.



Houve um tempo em que a Astronomia confundia-se com a Astrologia. Os mapas findavam-se em contornos retos e as estrelas, ainda pagãs, espalhadas na vastidão noturna faziam do céu um espetáculo a quem quisesse ver. Os sacerdotes da Pérsia que não eram reis, santos ou magos, pressentiram que a grandiosidade da luz simbolizava o nascimento, em algum lugar do Oriente, do rei de todos os reinos. Conta-nos o Livro Sagrado que munidos de incenso, ouro e mirra seguiram a estrela, que parou sobre a casa onde dormia o menino-Deus. Para alguns céticos, Gaspar, Melchior e Baltazar, talvez nunca tenham empreendido a viagem até Belém e a estrela, para o Evangelista, simbolizasse a fé, assim como o ouro simbolizava a riqueza, o incenso a espiritualidade e a mirra a imortalidade. Contudo, astrônomos, posteriormente, confirmaram a presença do fenômeno luminoso, à época, embora os calendários se contradigam na precisão da data. O certo é que aquela poderia ser a estrela mais brilhante da constelação de Órion e cujo brilho para realmente ser visto, necessário faz-se que fechemos os olhos e sigamos o pulsar das batidas do coração. Uma vez misturados os sentidos, poderemos ver por todos os poros do corpo, ouvir pelo êxtase das pupilas e sentir o toque acre ou doce da pele entrar pelo centro da cabeça e escorrer como rio caudaloso por todos os órgãos do corpo.


 ESTAÇÃO DE PASSAGEM
Mintaka é uma das três entradas da Estação de Passagem a sítios mais distantes. As manhãs são envoltas em neblinas e uma chuva fina cai incessantemente e incomoda quando toca os ombros. São lágrimas das mulheres, as mães, cujas silhuetas desenhadas pela parca luminosidade, formam um círculo extenso que contorna o cinturão de Órion. Eles, por sua vez, chegam em pequenos grupos. São muito jovens e falam pouco ou quase nada. O véu do esquecimento deixou-lhes um vasto buraco negro na memória, contudo um rasgo pequeno deixa-lhes a última cena gravada, num vai e vem contínuo. Se levantarmos a ponta do véu a hipnose individual cai ao chão como pequenos cristais e a cena, antes fragmentada, ganha movimento e vida.


A moça olha para trás subitamente como se ouvisse o ruído forte de frenagem de pneus. Os olhos rendem-se ao pavor da luz do farol que avança em grande velocidade. O baque forte do encontro dos carros quebra o silêncio que havia em volta. Ela sente o corpo arremessado pra frente e cai. Os outros caminham ao redor e presos ao ímã de sua própria fatalidade, seguem em frente. Ela chora em demasia e se contorce de dor.




DEZEMBRO


Quando as luzes intermitentes do planeta anunciam a comemoração do nascimento do Cristo, as ruas vestem-se de cor e sonhos e as lojas os vendem embalados em laços coloridos. Os anjos da misericórdia sopram sobre as casas uma mistura analgésica de fraternidade, esperança e fé. Contudo, em meio ao som dos cânticos natalinos, da urgência das lojas e festas há um som abafado de dor que prende a tarja do luto como uma guirlanda negra presa à entrada das casas. De toda saudade pelas vítimas da violência urbana, dos acidentes de trânsito, das intempéries climáticas, entre as vítimas das escolhas indevidas, está o soluço forte das mães dos jovens que habitam a Constelação de Órion. Que canto lhes alegraria a alma? O que poderia interromper subitamente o punhal arremessado ao peito?

Em Mintaka, Alnilan e Alnitaka, as Três Marias do cinturão de Órion, era noite de Natal. A Estação de passagem e apoio aos jovens, que deixam bruscamente suas casas e não mais retornam, foi invadida pelo som de harpas e flautas. As vozes dos cantos gregorianos, contrariando a ordem natural da rota de mensagens, acordaram os anjos e as almas. O som veio de algum lugar do planeta, cruzou as paredes de pedras, dançou sobre planícies e rios e subiu ao céu. Os jovens chegaram às janelas dos hospitais e olharam a noite, o tabuleiro estrelado que se abria sobre suas cabeças. Os anjos trabalhadores do Cinturão de Órion ouviram o som miraculoso dos cânticos. Não havia a sombra das silhuetas no portão de entrada e a chuva fina cessara subitamente. Além da Nebulosa, além do cintilar dos pingentes de brilhantes, as mulheres dormiam. Betelgeuse, uma das luminosas da Constelação emitia seu esplendor sobre a noite escura. A estrela erguia seus raios como uma torre impera sobre um reino de beleza e luz.

Chegaram: Gaspar, Melchior e Baltazar. Um deles era tão jovem quanto os meninos de Órion. O do meio era um homem feito e o último tinha barbas brancas e uma harmonia que irradiava, quando ele olhou tudo em volta. Logo depois, chegaram as mães. Elas vinham de chinelos e roupas de dormir. Algumas traziam um rosário entre os dedos, outras apenas um livro pequeno. O canto dos monges viajava entre os ouvidos e fluía por todos os poros do corpo. Os jovens, das janelas, olhavam lá embaixo: os camelos, os sacerdotes da Pérsia e o riso das mulheres. Ali, naquele momento, era possível morrer apenas a saudade.


Primeiro eles mandaram bilhetes e cartas. Os papéis voavam das janelas e as mães corriam em direção a eles. Elas acenavam aos rostos conhecidos e riam. Um riso cristalino e farto como um rio. Os meninos desceram as escadas em direção ao redemoinho de papéis. Os três reis reconheceram a estrela que os conduzira há muitos anos, sobre mares, montanhas e desertos. Betelgeuse atravessou as fronteiras da galáxia, e o Criador envolto num novo projeto de ampliação do Universo sorriu por breve instante. Havia a chuva de pingos cintilantes, sobre os visitantes de Órion.


Luísa Ataíde

domingo, 4 de dezembro de 2011

ELEGIA DOS SINOS


LUIZ MARTINS

Os sinos, porque se dobram,
No bronze de nossas vidas,
Nas bênçãos de nossas sinas,
Nas ondas de nossas auras,


Quando soam, soam bem,
Para o bem de nossas almas.
E aos aldeões, bem mais calmos,
Emendam salmos: amém, amém.




Sinos, campainhas, chocalhos...
Tantos badalos ecoam,
E logo os céus nos perdoam
Do quanto fomos daninhos.


Mesmo que assustem andorinhas
E os pombos dos torreões
Que sempre repiquem os sinos
Ao fundo dos corações.

terça-feira, 29 de novembro de 2011

SONETO DA DESILUSÃO


Osmar Aguiar

 Na vitrola, o vinil gira empenado
Conduzindo a agulha de diamante
Que arranha num tom desafinado
A cantiga de um amor tão dissonante.


 O ruído rouco da rabeca apavora
O peito já desprovido de harmonia
Ecoando o sentimento que outrora
Rimava e ritmava em melodia.


 Não posso eu cantar outro refrão
Se já não tenho nenhum repertório
que me torne um grande regente


para transformar esse amor ilusório
em uma ária de tom eloquente
sem medo e nem  desilusão.

quarta-feira, 23 de novembro de 2011

LUIS DE CAMÕES



"Que dias há que na alma me tem posto

Um não sei quê, que nasce não sei onde,

Vem não sei como, e dói não sei porquê."

domingo, 13 de novembro de 2011

AMOR E TEMOR


"O perfeito amor lança fora o temor". (I JOÃO, 4:18.)

LUIZ MARTINS DA SILVA

Com pigmentos de candura me tinjas neste Dia,
De adornar minha nudez diante do Eterno.
Por que temer feito o cordeirinho de uma fábula,
Acaso não terei direito a mãe na hora do Juízo?


 Que imagens me sagrarão perante o crivo do Divino,
Carrasco desde sempre, de rigor emoldurado?
Solene, severo, sentado no trono das degolas:
Aguarda-me um Deus algoz brandindo a sua espada.


 Oh! Quantos filhos! Cabeças e sentenças!
Na ala dos diletos, ternura e compaixão;
Aos arredios da doutrina, castigo e padecimento.


Quanta vida dissipada! Agora, arrependimento!
Mas, eis que Ele me unge com as suas asas de bálsamo
E beija a minha face aspirando aromas de inocência.

sábado, 12 de novembro de 2011

CHICO XAVIER


A gente pode morar numa casa mais ou menos,
 numa rua mais ou menos, numa cidade mais ou menos,
e até ter um governo mais ou menos.


A gente pode dormir numa cama mais ou menos,
 comer um feijão mais ou menos,
ter um transporte mais ou menos,
 e até ser obrigado a acreditar mais ou menos no futuro.

A gente pode olhar em volta e sentir que tudo está mais ou menos...

TUDO BEM!

O que a gente não pode mesmo, nunca, de jeito nenhum...

é amar mais ou menos, sonhar mais ou menos, ser amigo mais ou menos,
 namorar mais ou menos, ter fé mais ou menos,
e acreditar mais ou menos.

Senão a gente corre o risco de se tornar uma pessoa mais ou menos.

quarta-feira, 9 de novembro de 2011

ROSÂNGELA ATAIDE



O TEMPO

sou de mar

feito nostalgia,

deságuo em marés

minha melancolia.

aplumo

nas asas do tempo

a liberdade que me guia.



sou de vento

e ao léu estou à tempo

no caminho

numa canoa

que se lança

ao mundo neste espaço

marinho

vôo longe

onde há fleuma

e alegria

sábado, 5 de novembro de 2011

DESPEDIDAS


LUIZ MARTINS DA SILVA

Custam-me as antevésperas das partidas,

tanto me constrangem na espera


as horas do sem fazer.


Adianto ânsias de embarques,


embargo-me em saudades que até sinto,


mas que de verdade ainda estão por vir.


- E então, quando vais?


- É pra já. É só um bocadinho.


Ter que dizer adeus é como estar presente ao próprio funeral.


E não fica bem a quem já se sabe longe


estar a comprar jornais,


bisbilhotar miudezas em tabacarias,


dobrar esquinas,


encontrar conhecidos:


-- Não fostes, ainda?!


Incômoda ambigüidade esta,


de estar sem já não ser.


Uma vez anunciado,


é-se obrigado a partir,


ainda que os pés se entortem para trás,


ainda que possas virar estátua de sal.

terça-feira, 18 de outubro de 2011

O EXÉRCITO DE CHIAN ( CONTO)






  Imagine que o universo é uma imensa máquina giratória. Você quer ficar perto do centro da máquina – bem no eixo da roda -, e não nas extremidades onde os giros são mais violentos, onde você pode se assustar e enlouquecer. O eixo da calma fica no seu coração. É aí que Deus reside dentro de você. Então, pare de procurar respostas no mundo. Simplesmente retorne sempre ao centro, e sempre vai encontrar a Paz.”
                                                  Do filme: Comer, Rezar e Amar.




           Júlia queria escrever uma novela. Seria uma novela como um novelo desenrolando vidas, em que se delineia a personagem como um esboço de desenho: gradual e matemático. Menos matemático e mais aleatório, menos nitidez num rosto desconhecido. E ela tinha pressa.

           Regina não tinha ainda sobrenome. Não, ela não era personagem de Júlia. Na verdade trabalhavam na mesma empresa, em prédios diferentes. Não se conheciam. Regina não decidira sobre assumir ou não o nome do noivo. A moça tinha uma centena de detalhes a acertar a seis meses do casamento: o local, a data, a lista de nomes. Tinha o riso de Léo sempre no canto da memória. Era delicado como pular poças de chuva aos seis anos de idade. Era suave e bom. E ela tinha pressa.

          Júlia desenhava o enredo da história alterando as cores, as frases, os nomes, datas e cidades, isto porque o marido revirava os textos e emails no computador, por pura impaciência diante das ausências dela. Júlia sentia a poeira incomodando a garganta e a falta de um copo de água sem gosto de cloro. Havia a menina para buscar à saída da escola, a organização das contas para pagar. Nas viagens ela sempre arrastava as malas pesadas até o carro. Ele nunca dividia as tarefas domésticas. Vamos conhecer Paris? Não, ele dizia - era o ponto final. Em dias frios e doídos havia o chá a ser feito. Ele saía para a caminhada matinal, a empregada levava o chá. Qualquer problema ela chama um táxi e vai para o hospital sozinha - pensava ele, num sacudir de ombros. Saía pausadamente em direção ao parque. Ele nunca tinha pressa.

          O dia que a moça entrou na igreja, todas as luzes se apagaram. Houve um entreolhar no escuro entre os presentes. Como ninguém via ninguém, houve apenas o intervalo da espera. Um espaço entre um ato e outro. Sinal de sorte. As luzes se acenderam e a moça desceu a escadaria em direção à nave nupcial. Havia o perfume de lírios e uma cor dourada que fazia da sala ladeada de véus e flores uma das moradas da casa de Deus. Havia a moça que sorria e via lá no meio do altar o riso de Léo. Nada mais era necessário. Nada.

          Kin, o marido de Júlia, tanto procurou que achou: o email endereçado a um estranho. Estranho a ele, pois havia uma intimidade de língua e dente. A quase carta falava de sentimentos e chuvas, de desencontros e dúvidas. A partir daí o apartamento virou um campo de batalha. Todas as munições contra o inimigo foram lançadas. Kin não se indagou onde estavam suas falhas. Júlia não se lembrava mais do encantamento dos primeiros dias, do som hipnótico, do trino aos ouvidos. Voltava há doze anos atrás e parecia ouvir os conselhos surdos da mãe quando falara pela primeira vez em unir seu destino ao de Kin.   A moça olhou o apartamento arrumado, os livros organizados na estante, as louças sobre a mesa da cozinha. Júlia estava cansada e já não se importava em salvar nada. Pegou as chaves do carro e foi buscar a menina na escola. Mais do que nunca  ela tinha pressa.

          Regina arrumou as malas. Júlia arrumou as malas, os livros, algum mobiliário. Queria apenas sair pelas portas dos fundos, sem gritaria, sem insultos. Regina e Léo pisaram a areia da praia do Caribe e eram o princípio de uma raça Adâmica que estava por vir. Eles eram a criação e a construção do mundo. Havia os frutos do Éden, as flores do Éden, o riso do Éden . A água límpida do paraíso de Deus.

          Quando silenciou-se a artilharia, Júlia foi embora. Arrumou os móveis no apartamento novo e inundou a casa com um Jazz rouco e macio como um abraço. Colocou os pés no sofá, espreguiçou-se em busca de um pensamento qualquer. Ninguém tentaria ler seu riso e seus olhos. Ficou um tempo entregue a única liberdade que existe: a de pensar. Júlia levou a menina à escola e no caminho de volta, lembrou-se que tinha um blog, uma novela por escrever, uma vida por reconstruir. Assistiu ao filme Comer, Rezar e Amar três vezes na mesma semana.

          Kin rugiu por semanas o abandono. Maldisse todas as uniões do mundo, e os campos tempestuosos que atravessou sopraram camadas de cinzas sobre seu templo  interior. Chorou horas no colo da mãe que remobiliou o apartamento. Comunicou aos amigos que não queria mais a esposa e que ele decidira pelo fim de tudo: isto deveria ficar bem claro.

           Às madrugadas, Kin atravessa a avenida e vai  à praça. Há fileiras de soldados em pé - descalços e estáticos. Vestem uniforme de campana e desce sobre eles uma fina chuva de pólen. Trazem uma pequena flor branca na mão direita e ao iniciar o movimento elas voam sobre eles, como um buquê de noiva rodopia um salão iluminado. O movimento é lento como a chuva sobre as cabeças e as mãos abrem contornos de círculos. Kin olha o exército de soldados que erguem a cabeça ao topo com leveza. Está parado em volta da praça, e observa os movimentos do Tai Chi: o avançar e recuar, o ir e vir, olhar a direita e a esquerda.
          È preciso vencer o movimento através da quietude, a rapidez pela lentidão. É preciso vencer a dureza através da suavidade.



Luísa Ataíde

 NOTA: No campo emocional o Tai Chi Chuan ensina a relaxar, a aceitar as negações do ser humano, a administrar os problemas. Uma  excelente maneira de combater o stress. Os movimentos lentos e sincronizados acalmam o cérebro e aumentam a capacidade de concentração , uma verdadeira meditação em movimento.

domingo, 16 de outubro de 2011

LIÇÕES



Regina Brett, 90 anos de idade,
assina uma coluna no The Plain Dealer, Cleveland, Ohio.



"Para celebrar o meu envelhecimento, certo dia eu escrevi as 45 lições, que a vida me ensinou."

1. A vida não é justa, mas ainda é boa.

2. Quando estiver em dúvida, dê somente o próximo passo, pequeno .

3. A vida é muito curta para desperdiçá-la odiando alguém.

4. Seu trabalho não cuidará de você quando você ficar doente. Seus amigos e familiares cuidarão. Permaneça em contato.

5. Pague mensalmente seus cartões de crédito.

6. Você não tem que ganhar todas as vezes. Concorde em discordar.

7. Chore com alguém. Cura melhor do que chorar sozinho.

8. É bom ficar bravo com Deus Ele pode suportar isso.

9. Economize para a aposentadoria começando com seu primeiro salário.

10. Quanto ao chocolate, é inútil resistir.

11. Faça as pazes com seu passado, assim ele não atrapalha o presente.

12. É bom deixar suas crianças verem que você chora.

13. Não compare sua vida com a dos outros. Você não tem idéia do que é a jornada deles.

14. Se um relacionamento tiver que ser um segredo, você não deveria entrar nele

15. Tudo pode mudar num piscar de olhos Mas não se preocupe; Deus nunca pisca!

16. Respire fundo. Isso acalma a mente.

17. Livre-se de qualquer coisa que não seja útil, bonito ou alegre

18. Qualquer coisa que não o matar o tornará realmente mais forte.

19. Nunca é muito tarde para ter uma infância feliz. Mas a segunda vez é por sua conta e ninguém mais.

20. Quando se trata do que você ama na vida, não aceite um não como resposta.

21. Acenda as velas, use os lençóis bonitos, use roupa chic. Não guarde isto para uma ocasião especial. Hoje é especial.

22. Prepare-se mais do que o necessário, depois siga com o fluxo.

23. Seja excêntrico agora. Não espere pela velhice para vestir roxo.

24. O órgão sexual mais importante é o cérebro.

25. Ninguém mais é responsável pela sua felicidade, somente você.

26. Enquadre todos os assim chamados "desastres" com estas palavras 'Em cinco anos, isto importará?'

27. Sempre escolha a vida.

28. Perdoe tudo de todo mundo.

29. O que outras pessoas pensam de você não é da sua conta.

30. O tempo cura quase tudo. Dê tempo ao tempo..

31. Não importa quão boa ou ruim é uma situação, ela mudará.

32. Não se leve muito a sério. Ninguém faz isso.

33. Acredite em milagres.

34. Deus ama você porque ele é Deus, não por causa de qualquer coisa que você fez ou não fez.

35. Não faça auditoria na vida. Destaque-se e aproveite-a ao máximo agora.

36. Envelhecer ganha da alternativa -- morrer jovem.

37. Suas crianças têm apenas uma infância.

38. Tudo que verdadeiramente importa no final é que você amou.

39. Saia de casa todos os dias. Os milagres estão esperando em todos os lugares.

40. Se todos nós colocássemos nossos problemas em uma pilha e víssemos todos os outros como eles são, nós pegaríamos nossos mesmos problemas de volta.

41. A inveja é uma perda de tempo. Você já tem tudo o que precisa.

42. O melhor ainda está por vir.

43. Não importa como você se sente, levante-se, vista-se bem e apareça.

44. Produza!

45. A vida não está amarrada com um laço, mas ainda é um presente.
Gentilmente enviado pela Isabel Castro

quarta-feira, 12 de outubro de 2011

SAUDADE



Pablo Neruda

Saudade é solidão acompanhada,
é quando o amor ainda não foi embora,
mas o amado já...

Saudade é amar um passado que ainda não passou,
é recusar um presente que nos machuca,
é não ver o futuro que nos convida...

Saudade é sentir que existe o que não existe mais...

Saudade é o inferno dos que perderam,
é a dor dos que ficaram para trás,
é o gosto de morte na boca dos que continuam...

Só uma pessoa no mundo deseja sentir saudade:
aquela que nunca amou.

E esse é o maior dos sofrimentos:
não ter por quem sentir saudades,
passar pela vida e não viver.

O maior dos sofrimentos é nunca ter sofrido.


Gentilmente enviado por Osmar de Oliveira Aguiar

terça-feira, 4 de outubro de 2011

O OLHO DO SOL





LUIZ MARTINS DA SILVA



O Sol não é olho de Deus,

Mas pode ferir os seus.

Mesmo envolto em halo,

É Luz em modos de fala.



Olhar das civilizações,

À Luz que a todos induz,

Pensamentos de luscos

De que Luz maior nos pensa.



Nem a um louco acorreria,

Negar ao Sol alegoria,

Mirar de tanto disco

E ler tão somente faísca.



Mais que luz, sentimento,

A aquecer, brando e lento,

O beijo que a Luz orienta

Desde um outro Sol, lá dentro.

sexta-feira, 30 de setembro de 2011

INTROIBO

 


OLAVO BILAC

Sinto às vezes, à noite, o invisível cortejo
De outras vidas, num caos de clarões e gemidos:
Vago tropel, voejar confuso, hálito e beijo
De cousas sem figura e seres escondidos...

Miserável, percebo, em tortura e desejo,
Um perfume, um sabor, um tacto incompreendidos,
E vozes que não ouço, e cores que não vejo,
Um mundo superior aos meus cinco sentidos.

Ardo, aspiro, por ver, por saber, longe, acima,
Fora de mim, além da dúvida e do espanto!
E na sideração, que, um dia, me redima,

Liberto flutuarei, feliz, no seio etéreo,
E, ó Morte, rolarei no teu piedoso manto,
Para o deslumbramento augusto do mistério.


ÓLEO SOBRE TELA-   Van Gogh 

sábado, 24 de setembro de 2011

T- BONE, O FILÉ CULTURAL

CRÔNICA DA CIDADE- 20/09/2011 , SEVERINO FRANCISCO
CORREIO BRAZILIENSE
Se alguém me perguntasse quem são os 10 mais admiráveis cidadãos brasilienses que conheço, eu apontaria, sem titubear, o baiano Luiz Amorim, proprietário do Açougue T-Bone, como um dos nomes a figurar na lista. Em Brasília, os poderosos costumam sugar a carótida da cidade como se fossem condes dráculas, sem doar absolutamente nada em troca. Nesse cenário, Amorim é um exemplo de consciência coletiva, sensibilidade social, generosidade e audácia.

Numa cidade em que se privatiza tudo, em que alguns se acham donos das avenidas, das calçadas, da orla do Lago, da noite e até do silêncio, ele vai na contramão e realiza projetos culturais verdadeiramente de qualidade, com acesso gratuito, demostrando que popular não é (necessariamente) sinônimo de porcaria. Não é por acaso. Luiz se alfabetizou no açougue, lendo Aristóteles, Platão, Plotino e outros filósofos gregos, aprendendo que o homem é um animal político e que o lugar da democracia é a praça pública.

Ele está no lugar certo, pois os criadores de Brasília, Lucio Costa e Oscar Niemeyer, também pensavam assim, reservando amplos espaços para manifestações coletivas políticas, culturais e festivas, em escala monumental. Lucio não estava mais vivo quando surgiram as Noites Culturais do T-Bone, mas ele escreveu sobre o Projeto Cabeças, em que os jovens ocupavam as superquadras com música, performances e arte, na década de 1980: “Enquanto os maiorais, confinados nas suas monumentais redomas, brincam de administração e política, no ar livre das quadras das áreas de vizinhanças, esses bons samaritanos ensinam os usuários da cidade a vivê-la”.

As Noites Culturais do T-Bone são, em certo sentido, um desdobramento dos concertos do Projeto Cabeças. A diferença de Luiz Amorim é que ele transforma os sonhos em realidade rapidamente. E foi assim que, num típico impulso de nordestino delirante, idealizou e montou as bibliotecas populares nas paradas dos ônibus.  Pela primeira vez, qualquer cidadão teve, efetivamente, acesso direto ao livro, sem necessitar de qualquer burocracia. O processo é educativo, quem não devolve tem a clara consciência de que está praticando um crime contra a comunidade.
Luiz Amorim pensa grande e, por isso, a comunidade abraça os seus projetos. As Noites Culturais começaram como pequenos saraus, mas, agora, os shows reúnem de 8 a 10 mil pessoas na 312 Norte. Brasília clama por lazer gratuito, vida comunitária e cultura que eleve o espírito. Os shows de músicos de ponta nas salas de espetáculo nobres da cidade custam de 300 surreais para cima.

Claro que qualquer festinha ou festa, em casa ou na rua, altera a rotina e causa transtornos circunstanciais. E desconfio que, por morarmos em uma cidade organizada demais, nós, brasilienses, sofremos de uma síndrome do medo de qualquer alteração da rotina. Mas, como bem disse Luiz Amorim: receber Milton Nascimento na porta de casa é um luxo. Encantados com essas celebrações cívicas nas superquadras da capital do país, Tom Zé, Lenine, Milton Nascimento e outros que tocam nos melhores palcos do mundo estão se autoconvidando, generosamente, para tocar nas Noites Culturais do T-Bone.

Música não é sinônimo de barulho. Brasília não pode ser conhecida apenas pelos currais eleitorais e pela lama que eles espalham na imagem da cidade. Precisa ser reconhecida também como um lugar onde as pessoas amam a arte, a cultura, a inteligência e os lumes do espírito.

Vamos apoiar o Luiz Amorim para  que ele continue a nos oferecer os seus magníficos e democráticos filés filosóficos, literários, poéticos e musicais.

sexta-feira, 23 de setembro de 2011

A TORRE SOLAR DAS OLIMPÍADAS DE 2016






Um dos primeiros esboços arquitectónicos para os Jogos Olímpicos de 2016, que se realizarão no Rio de Janeiro e destaca-se pela sua sustentabilidade. Desenhada pelo gabinete RAFAA sedeado em Zurique, consegue gerar energia durante o dia e a noite, utilizando a energia solar e a hídrica, respectivamente. Esta torre irá gerar e fornecer energia não só para a aldeia olímpica, como também o Rio.


A Solar City Tower engloba : Anfiteatro, auditório, cafetaria e lojas são acessíveis no piso térreo, a partir do qual se acede igualmente ao elevador público que conduzirá os visitantes a vários observatórios, assim como a uma plataforma retráctil para a prática de bungee jumping.



No cimo da torre é possível apreciar toda a paisagem que circunda a ilha onde estará implementada, bem como a queda de água gerada por todo o sistema que integra a Solar City Tower, tornando-a num ponto de referência dos Jogos Olímpicos de 2016 e da cidade do Rio de Janeiro.



DIVERGÊNCIAS



FRANCISCO CÂNDIDO XAVIER


Lembre-se de que as outras pessoas são diferentes e, por isso mesmo, guardam maneiras próprias de agir.

Esclarecer à base de entendimento fraterno-  sim, polemizar, não.
Antagonizar sistematicamente é um processo exato de angariar aversões.

Você pode claramente discordar sem ofender, desde que fale apreciando os direitos do opositor.

Afaste as palavras agressivas do seu vocabulário.

Tanto quanto nos acontece, aos outros querem ser eles mesmos na desincumbência dos comrpomissos que assumem.
Existem inúmeros meios de auxiliar sem ferir.

Geralmente nunca se discute com estranahos e sim com as pessoas queridas: visto isso, valeria a pena atormentar aqueles com quem nos cabe viver em paz?

Aprendamos a ceder em qualquer problema secundário, para sermos fiéis às realidades essenciais.

Se alguém diz que a pedra é madeira, é justo se lhe acate o modo de crer, mas se alguém toma a pedra ou a madeira para ferir a outrem, é importante argumentar quanto à impropriedade do gesto insano.

Do Livro- Sinal Verde

segunda-feira, 19 de setembro de 2011

RECADO DA TERESA E DO FERNANDO PASSOS






«Nós somos os filhos das Mulheres. Têm uma paciência infinita para as nossas Brincadeiras.
Fizeram-nos para o mundo. No centro e na periferia da vida lá estão as Mulheres.
No caminho, entre ambos, também. Da Terra Nova ao Chile, do Brasil ao Japão,
de Marrocos ás Molucas, as Mulheres portuguesas fizeram o mundo.»



PARABENS AO MATEUS PELO SEUS 19 ANOS, NO DIA 19 DO 9º MÊS!
COINCIDÊNCIA QUE DEVERÁ SER UM MARCO BOM NA VIDA DO NOSSO AMIGO
MESMO SÓ EM ESPÍRITO, E NÃO SERÁ O ESPÍRITO O MAIS IMPORTANTE DE NÓS?
PARABÉNS À LUISA, MÃE TODA FEITA DE ALMA A
TRANSPARECER DOÇURA, MUITO ESPECIAL. PARABÉNS IGUALMENTE PARA SEU PAI.

Para o Mateus e sua mãe aqui vai uma passagem de F. Carvalho Rodrigues (Físico, autor do livro "Convoquem A Alma"):

Um abraço de Parabéns do Fernando.

O voto de que este dia seja um dia de Alegria,
um novo princípio, uma nova e grande travessia do deserto
para chegar a um magnífico oásis!

domingo, 18 de setembro de 2011

A HORA DO LODO



Luiz Martins da Silva

Um uivo me desperta, a índole do lobisomem.
É quando todo o peso do mundo sobrevém.
A orbe, esfera magma, pesa-me sobre os nervos,
Atlas ergue o mundo acima dos meus ombros!


Se sinto, sou; se sou, sinto: emito o som de um guincho!
Revirando a existência, busco no monturo,
Um caco no lixo que me espelhe menos monstro,
No fundo de um funil, algo feito que me redima.

Sou, tão somente sou, medida de uma condição,
Hora de buscar, no abissal vão do desespero,
Nesgas de virtudes em meio à legião de tantos erros.

No porão da consciência, um vulto, semblante de aleijão;
Metade anjo, metade lobo; o sábio ficou bobo;
O sóbrio é um bêbado, afogando-se em vômitos de lodo.

quarta-feira, 14 de setembro de 2011

sábado, 10 de setembro de 2011

ENERGIA CÓSMICA UNIVERSAL



"Somos consciências quânticas habitando receptáculos de matéria condensada. Se não fosse dessa forma, não poderíamos expressar a nossa presença nesta dimensão densificada. Entretanto, nosso potencial não está na densidade, mas sim, na sutileza da composição química, fisica e biológica dos nossos centros de força, os quais estão conectados a toda energia universal. Assim, devemos nos perceber como seres sutis, pois a nossa permanência na criação se dá por infinitos feixes de quanta gravados nas dimensões e infradimensões eternas. "

Gesiel Albuquerque : link

quarta-feira, 7 de setembro de 2011

EQUÍVOCOS LITERÁRIOS- No caminho com Maiakóvski




NO CAMINHO, COM MAIAKÓVSKI

Assim como a criança
humildemente afaga
a imagem do herói,
assim me aproximo de ti, Maiakósvki.
Não importa o que me possa acontecer
por andar ombro a ombro
com um poeta soviético.
Lendo teus versos,
aprendi a ter coragem.

Tu sabes,
conheces melhor do que eu
a velha história.
Na primeira noite eles se aproximam
e roubam uma flor
do nosso jardim.
E não dizemos nada.
Na segunda noite, já não se escondem:
pisam as flores,
matam nosso cão,
e não dizemos nada.
Até que um dia,
o mais frágil deles
entra sozinho e nossa casa,
rouba-nos a luz e,
conhecendo nosso medo,
arranca-nos a voz da garganta.
E já não podemos dizer nada.

Nos dias que correm
a ninguém é dado
repousar a cabeça
alheia ao terror.
Os humildes baixam a cerviz:
e nós, que não temos pacto algum
com os senhores do mundo,
por temor nos calamos.
No silêncio de meu quarto
a ousadia me afogueia as faces
e eu fantasio um levante;
mas amanhã,
diante do juiz,
talvez meus lábios
calem a verdade
como um foco de germes
capaz de me destruir.

Olho ao redor
e o que vejo
e acabo por repetir
são mentiras.
Mal sabe a criança dizer mãe
e a propaganda lhe destrói a consciência.
A mim, quase me arrastam
pela gola do paletó
à porta do templo
e me pedem que aguarde
até que a Democracia
se digne aparecer no balcão.
Mas eu sei,
porque não estou amedrontado
a ponto de cegar, que ela tem uma espada
a lhe espetar as costelas
e o riso que nos mostra
é uma tênue cortina
lançada sobre os arsenais.

Vamos ao campo
e não os vemos ao nosso lado,
no plantio.
Mas no tempo da colheita
lá estão
e acabam por nos roubar
até o último grão de trigo.
Dizem-nos que de nós emana o poder
mas sempre o temos contra nós.
Dizem-nos que é preciso
defender nossos lares,
mas se nos rebelamos contra a opressão
é sobre nós que marcham os soldados.

E por temor eu me calo.
Por temor, aceito a condição
de falso democrata
e rotulo meus gestos
com a palavra liberdade,
procurando, num sorriso,
esconder minha dor
diante de meus superiores.
Mas dentro de mim,
com a potência de um milhão de vozes,
                        o coração grita - MENTIRA!

Nota: parte do Poema acima, atribuído a Vladmir  Maiakóvisk( poeta russo) ou a Bertold Brecht na verdade foi escrito pelo poeta brasileiro EDUARDO ALVES DA COSTA , nascido em Niterói  em 1936.
O texto abaixo, com a mesma ressonância poética é de Bertold Brecht:

Primeiro levaram os negros.
Mas não me importei com isso.
Eu não era negro.
                                               Em seguida levaram alguns operários.
                                             Mas não me importei com isso.
                                              Eu também não era operário.
                                              
                                              Depois prenderam os miseráveis.
                                              Mas não me importei com isso.
                                              Porque eu não sou miserável.
                                              Depois agarraram uns desempregados.
      Mas como tenho meu emprego, também não me importei.
      Agora estão me levando.
       Mas já é tarde.
        Como eu não me importei com ninguém.
         Ninguém se importa comigo.
Bertold Brecht  (1898-1956).

terça-feira, 30 de agosto de 2011

A SAÚDE E O NÃO PERDÃO



LOUISE L. HAY

Sempre que estamos doentes, necessitamos procurar dentro de nossos corações para descobrirmos  quem precisamos perdoar. O conhecido livro Course in Miracles diz. "Toda doença tem origem num estado de não-perdão e "sempre queficamos doentes, precisamos olhar à nossa volta para vermos a quem precisamos perdoar".
Eu acrescentaria a isso que a pessoa a quem você achar mais difícil perdoar é a DA QUAL VOCÊ PRECISA SE LIBERTAR. Perdoar significa soltar, desistir. Não tem nada a ver com desculpar um determinado comportamento. É só deixar toda a coisa ir embora. Não precisamos saber como perdoar. Tudo o que necessitamos fazér é estarmos dispostos a perdoar. O universo cuidará dos "como".
Compreendemos bem demais nossa própria dor. Como é difícil para a maioria de nós compreendermos que eles, sejam lá quem forem, precisam de nosso perdão, também estão sofrendo dor. Precisamos entender que eles estavam fazendo o melhor que podiam com a compreensão, a consciência e o conhecimento que tinham na época.
 Quando alguém vem a mim com um problema, não importa qual seja - má saúde, falta de dinheiro, relacionamento insatisfatórios, criatividade sufocada -, trabalho unicamente numa só coisa, ou seja, : em amar o eu.
Aprendi que, quando realmente amamos, aceitamos e aprovamos a nós mesmos exatamente como somos, tudo na vida funciona. Écomo se pequenos milagres estivessem em todos os cantos. Nossa saúde melhora, atraímos mais dinheiro, nossos relacionamentos tornam-se mais satisfatórios e começamos a nos expressar de forma plena e criativa. Tudo parece acontecer sem nem mesmos tentarmos.
Amar e aprovar a si mesmo, criar um espaço de segurança, confiança merecimento e aceitação resultará na criação da organização da sua mente, criará relacionamentos mais amorosos em sua vida, atrairá um novo emprego e um nvo e melhor lugar para viver, e até permitirá que seu peso corporal se equilibre. Pessoas que amam a si mesmas e aos seus corpos não se prejudiam e nem prejudicam os outros.
A auto-aprovação e auto-aceitação por aqui e agora são as principais chaves para mudanças positivas em todas as áreas de nossas vidas.
O Amar a si mesmo, amar o eu, começa com jamais nos criticarmos por nada. A crítica nos tranca dentro do padrão que estamos tentando modificar. A compreensão e o sermos mais gentis conoscos nos ajudam a sair dele. Lembre-se , vocês esteve se criticando por anos e não deu certo. Tente se aprovar e veja o que acontece.

Do livro- Você Pode Curar Sua Vida.

terça-feira, 23 de agosto de 2011

NOS BRAÇOS DOS ANJOS



À memória, necessária , de Brenno Ataíde  Lessa


Nós não compreendemos muito.
Porque  por mais que tentamos traduzir os idiomas do mundo
Há a linguagem dos que não caminham um passo após o outro.
Eles saltam a janela, e vivem a plena capacidade de estar só.
Vivem só, riem só, sonham só. 
Há cores que só eles pintam, há trilhos que nunca alcançaremos.
Isso porque,  pisamos, apenas,  as pedras das ruas -  no máximo os telhados das casas.
Eles alcançam as asas do vento e às vezes tombam como pássaros feridos.
A palma da mão de Deus os acolhe e protege.
 O sopro da vida enche-lhes de novo os pulmões.
Porque a vida é cíclica e nunca se esvai.
Somos eternos.

quarta-feira, 17 de agosto de 2011

VECTOR NULO


  

FERNANDO HENRIQUE  DE PASSOS

Uma criança anda perdida no deserto.
Percorre há milênios os não-caminhos de areia.
Detém-se agora ante a magnificente esfinge
E faz-lhe uma pergunta.
O Sol abrasador enche tudo de silêncio.
A criança escolhe uma direção ao acaso
E continua a caminhar.

Do livro- Horas de Trevas, Horas de Luz

sábado, 13 de agosto de 2011

ENTRE OS ATOS- VIRGÍNIA WOOLF






Antonio Bivar prefaciou Entre os Atos , o último romance escrito por Virginia Woolf publicado postumamente, quatro meses depois de seu suícídio numa sexta-feira, 28 de março de 1941. Virginia estava com 59 anos quando afogou-se no Rio Ouse. A última pessoa que a viu, relata Bivar , foi John Hubbard, empregado de uma fazenda local. Hubbard contou que era por volta de 11h30 da manhã quando Virgínia , de sobretudo e bengala, passou por ele em direção ao rio.  Largou a bengala, enfiou pedras nos bolsos do casaco e entrou no rio. Deixara , em casa, cartas para o amigo Leonard e para a irmã Vanessa , que morava a poucos quilômetros da Fazenda. Na carta explicava ter certeza de estar ficando louca novamente e desta vez sem esperança de cura. Acreditava que nunca mais ficaria boa e não achava certo continuar dando trabalho aos aoutros. Escreveu ao marido:
"Querido, tenho a certeza que estou enlouquecendo de novo. De modo que estou fazendo o que parece melhor. Não consigo mais lutar. Sei que estou estragando a sua vida e que sem mim você poderá trabalhar. Você foi absolutamente paciente comigo e incrivelmente bom. Se alguém pudesse me salvar, teria sido você. Não creio que duas pessoas tenham sido mais felizes do que nós fomos."
Ao descobrir as cartas , Leonard telefonou para Vanessa e , acostumado às rotas de Virgiínia foi até o rio onde encontrou, na margem, a bengala da mulher. Nos dias e semanas seguintes as buscas foram incessantes. Os jornais noticiaram o desaparecimento da escritora, amigos manifestaram profunda consternação e alguns escreveram obituários para os principais jornais ingleses. O corpo so foi encontrado três semanas depois, no dia 18 de abril, na outra margem do rio. Cinco adolescentes passeando de bicicleta pelas redondezas pararam para um piquenique e viramum corpo boiando entre arbustos. Correram a avisar a polícia. Era o corpo de Virginia Woolf. Leonardo foi sozinho à cremação , em Brighton.
Virgínia , assim que terminou de datilografar Entre os Atos  entregou o livro para o escritor e amigo John Lehmann que agora era sócio de Leonard Woolf na editora Hogarth Press , que ela e o marido haviam fundado em 1917. Imediatamente após entregar o livro veio a insegurança. Pediu a Lehmann que adiasse a publicação, que não viu motivo para adiamento. Virgínia sempre temia a reação de amigos e da crítica , ao lançar novas obras, com esse romance sentia-se mais apreensiva do que nunca. Contudo, todos que a conheciam tinham a erteza de que, como ela havia superados as outras crises, com tratamento e repouso, embora sob os cuidados da médica e amiga Octavia Wilberforce, ela acabaria superando mais essa crise. Todos acreditavam nisso , menos Virginia. Mesmo com a cabeça explodindo de ideias projetos sentia estar perdendo a energia criativa e que seu tempo havia passado, Com a guerra ninguém queria saber de livros. Mecklenburgh Square, onde ficava a última residência londrina do casal Woolf é posta abaixo num bombardeio. A casa em Tavistock Square , onde também viveram tantos anos, antes de se transferirem para Mecklenburgh Square tamvém fora destruída. "Tudo é entulho onde escrevi tantos outros livros", ela escreve no diário. 
Em Entre os  Atos se fundem fragmentos de poesia, versos e rimas infantis, provérvios, notícias da guerra ,  elementos pós-freudianos, em seu espetáculo- produzido com parcos recursos ( lençois pintados representando a Civilização em ruínas). Miss La Trobe, a personagem , se empenha para que todos entendam que a história nada mais é que repetição sem sentido. A única alternativa é a voz dos poetas - delicada, pura, musical e incorruptível.