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quinta-feira, 20 de agosto de 2009

CREIO VER

Luiz Martins Silva

Creio ter chegado àquele ponto,
Em que Narciso ainda se confronta com o poço
Mas a imagem já não o hipnotiza
Na proporção em que se distanciam
Em diferença o que são espírito e rosto.

Creio que algo de mim já se transfere
Para o tal reverso das fases e esferas
E que por mais que uma a outra não vejam,
Em parte invejo o desconhecido que me espera
E que de mim já é o avesso que se avança.

Creio que é tão somente do ego a contraface
Da luz que não afago, mas já se pronuncia
E ainda bem que a estrada até se fez bem longa,
Pois, a qualquer minuto, a qualquer dia,
Passo de vez para a outra face do espelho.

Creio, meu Narciso, tens boas memórias,
Mas para o tempo adiante pouco viste,
Tão absorto estiveste no limite da moldura,
A te contemplar apenas pelo que estava verso
Mas pouco evidente do universo, firmamento afora.

Ah! Que futuro, tão brilhante!
Sonho na esperança o imenso Sol que me irradia!
Mas na incerteza dos que na fé, mas em cegueira,
Temem, mas enfrentam, novos oceanos,
À medida que se vai longe o cais da proa.

2 comentários:

jorge vicente disse...

que poema fantástico!!!

grande abraço
jorge

Luísa Ataíde disse...

JORGE

Agradeço a gentil visita. O poeta é bom mesmo, um amigo querido.
Abços, luisa