dire

dire

terça-feira, 14 de fevereiro de 2012

TRADUZINDO MANHÃS




LUIZ MARTINS DA SILVA

Ouço, vai amanhecer. São os trinados.
Daqui a pouco, diante do espelho,
Contemplarei novos antimilagres,
Mais uma ruga, mais um fio alvo.


 Há muito eles vêm se ajuntando.
Um dia, não mais haverá dia.
Serão notas num molho de harmonia,
Acordes desde o harmônio de uma nave.


 Um dia, uma noite, no ar,
O próprio arquétipo, sem as suas coisas,
Flutuando sobre um trigal ao luar.
A profecia da honradez prateada.


Oro, pois ainda é hora, da irreal fantasia.
O tempo! Ah! O tempo, temido algoz!
Manso e implacável rio, descolorindo fios,
Tangendo aluviões de vaidade até a foz.

Um comentário:

Sandra Fayad disse...

Que bom seria se fossem somente os fios brancos a nos causar incertezas... (Lindo!)