dire

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domingo, 19 de abril de 2009

Rio de sombras



Não sei pintar flores
Só rios que escorrem tinta pela sala
Não sei fazer versos
Bebo a sonoridade e espelho-me em suas águas
Leio livros antigos
A correnteza arrasta pelo quarto os fragmentos das vidas.
Aprendo histórias reais e imagino muitas
Ana de Holanda foi mulher, demônio ou santa?
Lavo o sangue da sala do rio dos mortos
È vermelho-cádmio no molho dos pincéis no copo.
Não sei pintar flores
Por favor , perdoe, sei pintar céus lindos.
Acredite
decifro destinos em estrelas
Vejo rostos em paredes brancas .
São homens velhos, chapéus e barbas
São serenos e belos
sussuram-me textos comoventes
Decididamente
Não sei pintar flores
Só rios que escorrem tinta pela sala.

L.A

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