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quarta-feira, 22 de julho de 2009

IN FINDO


O carro parou em frente a casa e deixou sobre a calçada o pequeno aquário. O menino abriu a porta e caminhou para calçada. Segurou entre as mãos o vidro redondo: o peixinho ia e vinha sem pressa. O menino encostou o rosto na água e o peixe viu um par de bochechas grandes e dois olhos cor de mar procurando-o. O peixe sentiu encanto e medo . A cor que ele via morava em algum lugar , mas de onde conhecia a cor? O menino segurava com as duas mãos o aquário e caminhava a passos pequenos para a entrada da casa. Sentou-se nos degraus da entrada e continuou olhando o peixe que deslizava a calda amarela nas paredes de vidro. O peixinho encostou-se a parede e viu o oceano ao seu redor. As ondas corriam lentamente em volta dele e sentiu o cheiro e o gosto salgado da água . Os barcos ao longe tinham parte da vela dobrada e o sol estendia-se sobre os barcos e escorria pelo céu iluminando o dia. O menino olhou o reflexo nos pequeninos olhos do peixe e viu um campo verde e calmo. O vento tombava o capim e o sopro era como canto , de uma felicidade audível apenas para ele . Agora eles corriam e riam. Eram amigos novamente frente a frente. O menino prendia a respiração com medo de assustar o peixe que apenas via o imenso oceano dos olhos do menino. Por breve instantes ou talvez para sempre estavam diante um do outro. Deus pintava a tarde de uma cor desconhecida, enfeitava o vento com uma sinfonia perfeita e dava sabor e tato as cores das flores. Deus misturava o que era mensurável e fluídico.
L.A

Um comentário:

Bóris Yan disse...

“Neste céu imenso azul
Eu me ponho a contemplar
O poder das lindas flores
Fazer a alma sonhar
Alma Poesia e Cor
Pingos de chuva e calor
Num prazer de percorrer
Os campos floridos ao vento,
Se deixar levar no tempo
Abraçado ao pensamento
Trago flores exaladas
A essas almas amadas”
(Fragmentos de “Alma, poesia e Cor”, por Ane Franco)