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sábado, 13 de agosto de 2011

ENTRE OS ATOS- VIRGÍNIA WOOLF






Antonio Bivar prefaciou Entre os Atos , o último romance escrito por Virginia Woolf publicado postumamente, quatro meses depois de seu suícídio numa sexta-feira, 28 de março de 1941. Virginia estava com 59 anos quando afogou-se no Rio Ouse. A última pessoa que a viu, relata Bivar , foi John Hubbard, empregado de uma fazenda local. Hubbard contou que era por volta de 11h30 da manhã quando Virgínia , de sobretudo e bengala, passou por ele em direção ao rio.  Largou a bengala, enfiou pedras nos bolsos do casaco e entrou no rio. Deixara , em casa, cartas para o amigo Leonard e para a irmã Vanessa , que morava a poucos quilômetros da Fazenda. Na carta explicava ter certeza de estar ficando louca novamente e desta vez sem esperança de cura. Acreditava que nunca mais ficaria boa e não achava certo continuar dando trabalho aos aoutros. Escreveu ao marido:
"Querido, tenho a certeza que estou enlouquecendo de novo. De modo que estou fazendo o que parece melhor. Não consigo mais lutar. Sei que estou estragando a sua vida e que sem mim você poderá trabalhar. Você foi absolutamente paciente comigo e incrivelmente bom. Se alguém pudesse me salvar, teria sido você. Não creio que duas pessoas tenham sido mais felizes do que nós fomos."
Ao descobrir as cartas , Leonard telefonou para Vanessa e , acostumado às rotas de Virgiínia foi até o rio onde encontrou, na margem, a bengala da mulher. Nos dias e semanas seguintes as buscas foram incessantes. Os jornais noticiaram o desaparecimento da escritora, amigos manifestaram profunda consternação e alguns escreveram obituários para os principais jornais ingleses. O corpo so foi encontrado três semanas depois, no dia 18 de abril, na outra margem do rio. Cinco adolescentes passeando de bicicleta pelas redondezas pararam para um piquenique e viramum corpo boiando entre arbustos. Correram a avisar a polícia. Era o corpo de Virginia Woolf. Leonardo foi sozinho à cremação , em Brighton.
Virgínia , assim que terminou de datilografar Entre os Atos  entregou o livro para o escritor e amigo John Lehmann que agora era sócio de Leonard Woolf na editora Hogarth Press , que ela e o marido haviam fundado em 1917. Imediatamente após entregar o livro veio a insegurança. Pediu a Lehmann que adiasse a publicação, que não viu motivo para adiamento. Virgínia sempre temia a reação de amigos e da crítica , ao lançar novas obras, com esse romance sentia-se mais apreensiva do que nunca. Contudo, todos que a conheciam tinham a erteza de que, como ela havia superados as outras crises, com tratamento e repouso, embora sob os cuidados da médica e amiga Octavia Wilberforce, ela acabaria superando mais essa crise. Todos acreditavam nisso , menos Virginia. Mesmo com a cabeça explodindo de ideias projetos sentia estar perdendo a energia criativa e que seu tempo havia passado, Com a guerra ninguém queria saber de livros. Mecklenburgh Square, onde ficava a última residência londrina do casal Woolf é posta abaixo num bombardeio. A casa em Tavistock Square , onde também viveram tantos anos, antes de se transferirem para Mecklenburgh Square tamvém fora destruída. "Tudo é entulho onde escrevi tantos outros livros", ela escreve no diário. 
Em Entre os  Atos se fundem fragmentos de poesia, versos e rimas infantis, provérvios, notícias da guerra ,  elementos pós-freudianos, em seu espetáculo- produzido com parcos recursos ( lençois pintados representando a Civilização em ruínas). Miss La Trobe, a personagem , se empenha para que todos entendam que a história nada mais é que repetição sem sentido. A única alternativa é a voz dos poetas - delicada, pura, musical e incorruptível.

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