dire

dire

domingo, 27 de abril de 2014

SOMOS TODOS UM







                                          “O fluído cósmico é o plasma divino, hausto do Criador ou força nervosa do Todo Sábio. Nesse elemento primordial vibram e vivem constelações e sóis,  mundos e seres como peixes no oceano.”
                                                                                           
                                                                                                                                            André Luis 





     Às vezes, o silêncio funde-se com o canto das cigarras. Percebo que quando silenciamos, elas dão-nos em troca um som contínuo e pulsante. Assim acontece quando ouvimos o canto dos pássaros, ou tentamos captar o imperceptível ruído dos seres que se arrastam nos galhos das árvores. Há um mundo preste a abrir-se quando silenciamos. Há um mundo mergulhado no vácuo do Criador. Ele pulsa, canta e ri.
    
     Ele diz que viemos de uma única célula que cresceu e se transformou numa grandiosidade. Diz que o plasma divino permeia as coisas que fazem o mundo: o ar, os homens, a vida que segue em frente. Que os seres e coisas que constroem o mundo são feitos de matéria divina e por isso não se deve ferir o tecido da criação. Ferir este tecido nos coloca num estado avesso às coisas de Deus e assim sofremos.

     Quando o Cristo abriu-nos os sentidos da Verdade, deu-nos o grande segredo da felicidade. Amar, o segredo da abundância, do sucesso, da harmonia social, do crescimento, da paz interior. Mergulhemos nossas dificuldades, nossos temores, nossas dúvidas neste vácuo que permeia as galáxias, os sóis, as coisas da Terra, os nossos dias. Nademos com felicidade nesse oceano de paz, e tenhamos a certeza que tudo está interligado, que a matéria que constitui o universo é sagrada. Da imensurável grandeza do Cosmo ao pulsar dos elétrons, somos todos Um.

Luísa Ataíde





segunda-feira, 31 de março de 2014

DOS DEUSES









LUIZ MARTINS DA SILVA





Quando os deuses choram
Não é que sejam rudes,
São somente luscos
De rios e chuviscos.

 Deuses mal contêm
As suas poluções,
São resinas sagradas
De seivas cósmicas.

 Quando os deuses riem,
São lágrimas indianas,
Ancestrais estamparias
De padrões fractais.

Ah! Os deuses nos invejam
Nas nossas conjunções,
Eles não são navios
Fundeando em portos.

Deuses não devem gulas,
Pois, são de perpétuo êxtase,
São de gozosos mistérios,
Comuns a nos soçobrar.



domingo, 23 de março de 2014

VERTIGENS







 LUIZ MARTINS DA SILVA



Oh! Meu amor! Por favor, não se dissolva.
No seu beijo, demore-se mais um pouco,
Nesta quadra de um tempo de torpores,
Em que tudo é veloz e é voraz.

Oh! Meu Amor! Por favor, não se evapore,
Não se digitalize neste mundo tão volátil,
Venha, eu tenho lábios, dois olhos e dois braços,
Para te recolher, te acolher e te tocar.

Meu Amor! Seja o que for, mas seja tátil,
Faça-nos alguma coisa, mas que seja natural,
Não me delete de uma vez a sua presença.

Meu amor! Nosso amor! Minha esperança
É que você perceba, navegar a que distância,
Você, numa tela; e, eu, do lado de cá.

sábado, 8 de março de 2014

A ATUALIDADE DE SANTA TERESA DO MENINO JESUS - Homenagem do blog a uma mulher especial








Foi a cruz do martírio, de entrega e de abandono aos outros, levada por Jesus, que      Teresa Martin quis ajudar a transportar sem hesitações, no Carmelo de Lisieux, depois de vencer as dificuldades  para entrar na Ordem  onde só se podia ingressar aos dezoito anos. A verdade é que Teresa ia fazer ainda quinze anos. Mas como ela ambicionava transportar nos seus ombros frágeis a barca do seu sonho, a barca da sua salvação. E a sua vocação era o Amor. Na verdade, sublinhará nos seus manuscritos: <<O grito de Jesus na cruz ecoa continuamente no meu coração>>. E que grito é esse? <<Tenho sede, tenho sede>>. E Teresa num impulso  inesperado acrescentará: <<Tenho sede de amor >>.


Excerto da palestra produzida por Teresa Ferrer Passos nos dias 17 e 19 de fevereiro de 2014 no círculo de Espiritualidade e Cultura e na Igreja de S. João de Deus em Lisboa.

terça-feira, 11 de fevereiro de 2014

SANTA TERESA DE LISIEUX E O SENTIDO DA HUMILDADE- TERESA FERRER PASSOS









«Vim lançar fogo sobre a terra», disse Jesus. Era a hora em que o interrogavam sobre a razão da sua vinda ao mundo. Na senda de Jesus, Santa Teresa de Lisieux, também chamada Santa Teresinha («petite Térèse») do Menino Jesus e da Santa Face, queria também lançar um «fogo sobre a terra» como se fosse uma  semente de humildade a arder em amor.

O amor tinha a sua imagem privilegiada no próprio fogo, porque o amor era um sinal vivo de desvio ou de mudança em relação à permanência ou imobilidade do mal. «Olhai as crianças, olhai como elas amam, como transbordam de amor sem esperar uma recompensa», poderia ter escrito Teresa de Lisieux. É que Santa Teresinha do Menino Jesus via na infância o grande paradigma da conduta  humana.

Toda a palavra de Teresa de Lisieux se fundamenta na problemática da humildade, quer nos actos, quer nos pensamentos. Só a humildade concede o dom da glória mais alta. Nos seus escritos, tanto de prosa memorialista como nos poéticos, é visível a importância dessa questão fulcral. De facto, surge através de constantes alusões e de exemplos práticos, formulando deste modo uma verdadeira teologia da humildade. 

     Logo ao entrar no convento da Ordem do Carmelo, com apenas quinze anos, Teresa de Lisieux salientou como o Menino Jesus estava no centro da sua atenção, ao querer adoptar este apelativo- Teresa do Menino Jesus.

Na verdade, o Menino Jesus é o símbolo mais perfeito da humildade presente no próprio Deus - Deus tornou-se criança para mostrar à humanidade como era importante esse tempo primeiro, que todos viviam de modo tão semelhante e a que se seguiam outros tempos, em que era, a maior parte das vezes, esquecido o primeiro.

Ser sempre pequenino, muito pequenino, para ter a glória de conquistar grandes coisas. É pedindo para a tratarem por «pequena Teresa», que Teresa de Lisieux  mostra o seu apreço pelo sentimento da humildade, mesmo quando já tivesse subido ao reino do Céu. E mesmo aí, ela continuava «pequena», ou até se tornaria mais pequenina para poder ter a plenitude da glória divina ou do reino de Deus, em construção pelo amor e no amor perene.

Na «pequenez» se construía, segundo Teresa de Lisieux, o Altíssimo. Na conduta humilde se ergueria  um novo Céu e uma nova Terra. No que era cheio de «pequenez», descobria Santa Teresinha do Menino Jesus um Deus absoluto e sem limites. Na palavra dita sem espectáculo ou na acção discreta e silenciosa, estava todo o sentido do eterno. Teresa de Lisieux desocultava o eterno em todo o coração habitado pela humildade.

Na graça do Céu habitavam as almas que se sentiam mais pequeninas e que até de si próprias se escondiam por se acharem pouco significantes. Era dessa «pequenez» que se elevavam os seres até ao Alto. Até às alturas infinitas de Deus. E ao voltar-se para a sua alma de criança, o homem entrava na Casa de Deus. Por isso, Jesus quando Lhe perguntaram onde estava o reino do Céu disse que «o reino do céu está dentro de nós».

Uma jovem que sentiu a primeira grande dor na alma aos quatro anos, quando morre sua mãe, vê tudo isto muito cedo. É que, Teresa de Lisieux começava com pouca idade a correr para o destino da santidade. Ser santa, vir a ser «uma grande santa», torna-se lentamente o seu desejo mais profundo. Vivendo uma infância de perda, Teresa de Lisieux começa a edificar a sua «única e verdadeira glória» - ser santa.

A santidade torna-se o objectivo final da sua vida, um objectivo sem fronteiras materiais, unicamente espiritual, tão espiritual que a tudo está disposta para o alcançar. Os sofrimentos  físicos ou espirituais que defronta acabarão por se lhe afigurar breves e pouco intensos, para ter como recompensa a glória do reino divino, onde o perfume do amor se parece com o de todas as pequenas rosas do mundo. E é precisamente nas mais pequenas rosas do mundo, que Teresa de Lisieux observa aquilo que se revelará como o símbolo mais adequado para representar a beleza infinita da humildade.

     Lembremos hoje, a beleza e o perfume das pequenas rosas de Santa Teresinha do Menino Jesus. Vejamos nelas o coração puro de criança que, dentro de nós, não se deve ter ainda apagado irremediavelmente. Como nesse século XIX em que viveu Teresa de Lisieux, hoje há necessidade de santos, de quem queira ser santo, como o desejou esta santa, tão popular em Portugal como por todo o mundo. A santa que, a fazer pequenas coisas «que ninguém via» se tornou tão conhecida e amada por todos os que dela e das suas pequenas rosas ouviram falar.

Em homenagem à «pequena Teresa», recentemente elevada a Doutora da Igreja (1997) pelo Papa João Paulo II, lembremos uma, das muito belas palavras que deixou escritas, para que ninguém as esquecesse: «Quero ver se encontro um ascensor que me eleve até onde habita o meu Jesus, pois sou pequenina demais para trepar pela íngreme escada da perfeição»*. E mais adiante: «O ascensor em que hei-de subir ao Céu são os vossos braços, ó meu Jesus! Para isso não preciso crescer; pelo contrário, tenho que ser pequena, tornar-me cada vez mais pequenina»*

Lisboa, 12 de fevereiro de 1998.                                                  TERESA FERRER PASSOS

-Santa Teresa do Menino Jesus, História de uma alma, 11ª edição, Livraria Apostolado da Imprensa, 1985, pag. 192. Public, no Jornal A e revista Stella , Jan/Fever. 1999, Fátima 

domingo, 2 de fevereiro de 2014

ÁGUA VIVA





Estou atrás do que fica atrás do pensamento. Inútil querer me classificar, eu simplesmente escapulo. Gênero já não me pega mais. Além do mais a vida é curta demais para eu ler todo o dicionário e descobrir a palavra salvadora. Entender é sempre limitado. As coisas não precisam mais fazer sentido. Não quero ter a terrível limitação de quem vive apenas do que é possível fazer sentido. Eu não: quero é uma verdade inventada. Porque no fundo a gente está querendo desabrochar de um modo ou de outro.

Clarice Lispector- Do livro ÁGUA VIVA

imagem- Devianart


quarta-feira, 22 de janeiro de 2014

ENTRE ASPAS




''  Creio que aqueles que mais entendem de felicidades são as borboletas e as bolhas de sabão...
    
   Ver girar essas pequenas almas leves, loucas, graciosas, e que se        movem, é o que de mim  arrancam lágrimas e canções.

   Eu só poderia acreditar em um Deus que soubesse dançar."

                                                                                               Nietszche

domingo, 12 de janeiro de 2014

DICAS 2014



MANUAL PARA QUE VOCÊ SEJA MAIS SAUDAVEL E QUE 2014 SEJA UM ANO DE MUITAS FELICIDADES E MUITAS REALIZAÇOES
 
Saúde:

1. Beba muita água, menos açúcar e menos sal;
2. Durma 8 horas por dia;
3. Coma o que nasce em árvores e plantas, e menos comida produzida em fábricas;
4. Viva com os 3 Es: Energia, Entusiasmo e Empatia;
5. Ande de bicicleta;
6. Brinque com seus irmãos, filhos e netos; 
7. Leia mais livros do que leu em 2013;
8. Sente-se em silêncio pelo menos 10 minutos por dia;
9. Arranje tempo para orar;
10. Faça caminhadas de 30 minutos por dia, e enquanto caminhar sorria.

Personalidade:

11. Não compare a sua vida a dos outros. Ninguém faz ideia de como é a dos outros;

12. Não tenha pensamentos negativos ou coisas de que não tem controle;
13. Não exceda. Mantenha-se nos seus limites;
14. Não se torne demasiadamente sério;
15. Não desperdice a sua energia preciosa em fofocas;
16. Sonhe mais e faça planos;
17. Inveja é uma perda de tempo; 
18. Esqueça questões do passado. Não lembre seu parceiro dos seus erros do passado. Isso destruirá a sua felicidade  presente;
19. Não odeie;
20. Faça as pazes com o seu passado para não estragar o seu presente;
21. Ninguém comanda a sua felicidade a não ser  você;
22. Tenha consciência que a vida é uma escola e que está nela para aprender. Problemas são apenas parte do curriculum, que aparecem e se desvanecem como uma aula de álgebra, mas as lições que aprende, perduram uma vida inteira;
23. Sorria e gargalhe mais;
24. Não necessite ganhar todas as discussões. Aceite também a discordância.

Sociedade:

25. Entre mais em contato com sua família e amigos;
26. Dê algo de bom aos outros diariamente;
27. Perdoe a todos por tudo;
28. Passe tempo com pessoas acima de 70 anos e abaixo de 6;
29. Tente fazer sorrir pelo menos três pessoas por dia; até os seus colegas de trabalho;
30. Não te diz respeito o que os outros pensam de você;
31. O seu trabalho é UMA parte da sua vida.
A Vida:
32. Faça o que é correto;
33. Desfaça-se do que não é útil, bonito ou alegre;
34. Agradeça sempre;
35. Por muito boa ou má que a situação seja.... Ela mudará;

36. Olhe-se nos espelho e diga: - Eu posso !!!!
37. O melhor ainda está para vir;
38. Assim que acordar espreguice, estique o corpo e tenha um pensamento positivo;
39. Mantenha seu coração sempre feliz.


Gentilmente enviado por AURIDEA FERNANDES

sábado, 28 de dezembro de 2013

LUIZ MARTINS DA SILVA





I

No primeiro de uma dúzia
Renovações de promessas,
Insistir no sonho que somos.

II

De tudo o que é desejado,
(Mas nem tudo confessamos,
Melhor um baile de máscaras.

III
 Volta a vida, voltam  às aulas,
E o imposto da República
Que temos por ilustrar.

IV
Tempo de se abrir um céu
De esfuziantes virtudes,
Constelações de brilhantes.

V
Casar-se  mais uma vez
Com todas as noivas do mundo,
Perpetuar nossos nomes.

VI

Primeiro mês dos sem erres
Fartos mares de sardinhas
E santos com festas de milhos.

VII
Estação de calafrios,
é o inverno de nós mesmos
De tudo que não fizemos.

VIII
Gosto se quer se discute,
Mesmo que a terra vermelha
Implore perdão de pé juntos.

IX

Com muita desenvoltura
Volta a natureza ao estilo
Cartela de todas as flores.

X

Outubro, apelido de Outono
Ou seriam irmãos gêmeos...
Oriente e Ocidente?

XI

A melhor provas dos noves
Geometria de lápides,
Certezas bem decoradas.

XII

Volve a nós o mesmo ciclo
Sagradas festas pagãs
Todos podem ser crianças.

quinta-feira, 19 de dezembro de 2013

Livros - os melhores presentes: SANTA TERESA DO MENINO JESUS E A FORÇA DOS SEUS PEQUENOS CAMINHOS

           
                                 “O Amor de Deus tinha incógnitas moradas, mistérios escondidos, secretos caminhos.Uma verdadeira ciência era urgente construir para subir até esse grau de amor humano. As palavras de Teresa do Menino Jesus ou escancaradas nas linhas dos seus escritos, mostram toda uma sabedoria construída com os mais insignificantes atos do dia a dia."




Chega-nos, no livro de TERESA FERRER PASSOS, como um sopro de brisa, os pensamentos de Teresa de Jesus. Numa realidade de problemas econômicos, asperezas do trânsito, denúncias e violências de toda sorte, ler o livro sobre o amor incondicional de uma mulher faz-nos dar um salto ao outro lado do espelho. É como sombra fresca em dia fatigante e quente.  Que mulher jovem abandonaria tudo pelo silêncio de um mosteiro e a comunhão de mente e corpo com Deus. Possivelmente, poucas. Considere que ela nunca abandonou a vida, na sua curta jornada - morreu jovem, trabalhou incessantemente pela mudança na vida religiosa, lutou  pelos menos favorecidos. Em mim, fica um encanto de rosas nos dedos após fechar a última página e a certeza de que santos, são os homens que lutam por um mundo melhor, e, como nos diz a autora,  seguem a orientação do Mestre Jesus de que o Pai espera de seus filhos humanos todo amor. Algumas almas são eternas, não importa em que século viveram,  sob que manto religioso se  abrigaram. O livro é sobre os pensamentos e ações de uma mulher que nos serve de inspiração.  Amor é o verbo incondicional da narrativa. Uma excelente sugestão de presente.

Edições CARMELO, 2013.  link


terça-feira, 3 de dezembro de 2013

ABRAÇADOS VOAREMOS



LUIZ MARTINS DA SILVA


Até o Sétimo céu, por certo arcanjos,
Último degrau, aquele que chamam de Nirvana,
Donde para baixo só olhares de ternura;
Cada raio, milênios de douração, iluminuras.

Está escrito, poucos leem , em cada criatura,
Desde o micro esmero, uma joaninha, que o seja,
Só por amor não estaremos sozinhos,
Caminhos que ao coração pulsam desejos.

O amor não vem singular em seus desígnios
Ele nos desenha em cada instante percebido,
À procura do que em cada outro é o elo perdido.

Tudo o que temos e que de fato é nosso
É tão somente o que nos afetos corresponde
Ao que um procura e o outro logo diz onde.