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sábado, 23 de maio de 2009

VELHAS LIÇÕES

“O teu corpo é luz, sedução
Poema divino, cheio de esplendor
Teu sorriso prende , inebria , entontece...”

Coisas há que me iluminam: Uma tela em branco, um teatro vazio, um texto por escrever. É necessário que eles se antecipem. Com o pincel vou tirando a película que cobre a tela branca e a imagem aparece. Ana dos anjos senta-se ao meu lado. Se chegar o desejo, diz ela, largue as roupas na tina, as frutas na sementeira, deixe o caldeirão secar ao fogo e escreva . Se te coçarem os dedos, misture tinta nas pontas deles e deslize. Há um movimento espiritual. Não há como defini-lo, só fazendo. O ritmo da ponta do pincel ou dos dedos é curto, o coração acelera. Esses momentos , só eu os reconheço. Por que o fascínio pela água quando pinto ou escrevo? No meio do oceano há um porto. No meio do nada, só água... água... e água a milhas e milhas delas. Sento no pequeno porto e observo o mar. Sento na única pedra no meio do rio e vejo a paisagem ribeirinha. Água doce a caminho do mar, no encontro das águas o soro salobro.
Por que o fascínio das asas em céu aberto ? O barulho de um monomotor no meio da tarde me traz recordações brancas.O céu, as asas e a imensidão das águas .
Às vezes quase desacelero. Não deixe nunca o barco à deriva. Basta ouvir ao longe o ruído das ondas chegando ao mar, ou do rio - água doce entre as pedras que a calmaria finda.
O barulho dos meninos chegando devolve- me a terra. Ruído de skate sobre o piso da sala.
Irritante ter que repassar todas as normas de vida doméstica.
Sobre o que mesmo é este texto?
Lições. Viver é tecer a grande rede do aprendizado e lançá-la ao mar. Os que vivem aprendem sempre um pouco todos os dias.
Hoje sei que os poetas são outros, trazem o líquido das esferográficas nas veias e equações insolúveis nos bolsos.
L.A

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