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sábado, 12 de setembro de 2009

O BEM DO BEM


LUIZ MARTINS DA SILVA


Do jeito que a vida gosta,

Nem sempre gostamos nós,

Mas nós gostamos da vida,

Mesmo desatando nós.


Do jeito que quer a vida

É sina por se cumprir,

Mas a própria vida ensina

Só vai quem sabe aonde ir.


De nada a rosa dos ventos

Vale se não se tem o Norte;

Muda o rumo fica a sorte,

Talismã de marinheiro.


A vida parece o tempo

E o tempo perece a vida,

Mas aparências enganam

Sobre o tamanho da lida.


Uns, chegam e já vão embora,

Mal a infância acordou.

Outros, a rosa murcham

De tanto que demorou.


Mas a semente é a mesma

E a colheita também.

E como a safra é sortida

Quando se quer muito e bem.


Querer bem são só três letras,

Mas duplo sentido a palavra:

Escrever o bem com minúscula

É só o lado chão da parábola.


Querer o Bem com maiúscula

É amar no incondicional;

É o que importa mesmo quando

Chuva pouca e frio igual.


Um dia na vida a mais,

Ou mais um ano na vida,

O lado que diminui

Perdura para onde vai.


O lado que o vento sopra

No catavento é o outro.

É só uma questão de medida,

Medir-se a vida nas horas.


Vida e sorte, dois ponteiros,

Visível é só o que gira;

O visível ao olho atento

Mostra o relógio por dentro.


Bem sabe o Senhor do tempo,

Quando nos sonha e acalanta,

Que o que parece partícula

É o bem que o Bem empresta.


Há que se prestar atenção,

Quando o tempo vira Signo,

Quando menos, Sim é Não;

Quando mais, pão é o trigo.

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